segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Capítulo 12

Naquele mesmo andar, Vítor viu uma outra porta.

– Ai, meu Deus! Lá deve morar outro louco... – pensou.

E sua consciência falou:

– Não tenha tanta certeza disso!

– Mas eu já sei o que vai acontecer. Eu vou entrar, esperar um pouco, vai aparecer um bicho qualquer e aí, depois, nada o que acontecer poderá ser considerado real!

Mesmo não querendo ir ele entrou no apartamento vizinho ao do criado mudo. Em certas horas, mesmo não querendo, a gente acaba fazendo o que nossa consciência manda.

E Vítor entrou.

O apartamento era chique, mas como estava um pouco cansado ele decidiu sentar e esperar o inesperado!

Ding Dong. Ding Dong. A campainha tocou! Vítor saltou do sofá assustado e sem saber direito o que fazia abriu a porta! Era um homem.

– Serviço de Correio! – e mostrando um grande pedaço de pau continuou – Parabéns, você acaba de levar o maior pau da sua vida!

– Mas como o senhor sabe que esse pedaço de pau é para mim? Aposto que nem sequer sabe o meu nome!

– Não é necessário! Nós do Serviço de Correio somos treinado para achar o impossível. E se você quer saber não foi muito difícil te achar!

– Como o senhor me achou?

– É simples! Dá uma olhadinha aqui! - e mostrou uma pequena parte do pau onde estava escrito o destinatário – Está vendo? Está escrito “Para o babaca do prédio”. Foi muito fácil te achar!

– Mas...

– Assine aqui, por favor.

E mesmo Vítor não assinando o carteiro gritou:

– Obrigado, senhor! - e foi embora.

Então, Vítor fechou a porta e foi se deitar no sofá mais confortável que tinha na sala e, em questão de segundos, adormeceu!

O sono estava gostoso e o sonho que ele teve foi assim:

“Isaac Newton estava andando sob uma macieira e de repente caiu uma maça na sua cabeça e ele, emocionado, disse: ‘Descobri a lei da gravidade!’.

Beethoven estava andando sob uma macieira e de repente caiu um piano na sua cabeça e ele, emocionado, disse: ‘Descobri que eu posso tocar somente sentindo o piano!’.
Vítor estava andando sob uma macieira e de repente caiu um pedaço de pau bem grande na sua cabeça e ele, com muita dor, disse: ‘Descobri que levar o maior pau da sua vida te faz sofrer!’.”

E depois da pancada do sonho acordou. Estava meio tonto, sua cabeça doía. Talvez, a pancada do sonho houvesse mesmo acontecido. Isso não importava, Vítor se sentia tão mal interiormente que não tinha mais forças para nada. A única coisa que conseguiu fazer naquele momento foi chorar. Chorava baixinho, praticamente não fazia barulho algum. Quem sabe ele tivesse medo ou vergonha de que alguém o visse naquele estado? Vítor chorava como um adulto.

Essa é a verdade: sabe-se que uma pessoa virou adulta quando ela pára de fazer o escândalo que as crianças fazem na hora de soltar as lágrimas.

Chorou por muitíssimo tempo. Só a escada sabia porque ele chorava tanto... A culpa era dela.
Ainda com os olhos vermelhos e molhados por algumas gotas de lágrimas, Vítor saiu do apartamento que o havia feito chorar por um bom tempo.

Nem ele e nem a escada disseram uma só palavra naquele momento. E mesmo assim, Vítor se dirigiu ao apartamento do andar superior, andava lentamente e pensativo, estava chocado, enquanto se movia para o 4º andar.