– Estou começando a ficar com sono! – reclamou Vítor para a escada enquanto subiam para o 11º andar.
– Ora, Vítor, não faça corpo mole, este é um dos últimos andares que existe nesse prédio. Depois de visitar o último, poderemos descer tranqüilamente, sem ter que entrar em nenhum apartamento.
– Olhe, escada, chegamos – e depois de falar isso Vítor bocejou.
Ao ver a porta do apartamento daquele andar, Vítor se dirigiu a ela e a abriu, mas antes revelou que realmente estava com sono soltando mais dois bocejos caprichados.
O interior daquele apartamento era como o de uma casa normal, tinha mobília como numa casa normal. Vítor teve até a impressão de que ali vivia o único ser humano do prédio inteirinho, digo, o único ser humano que tinha os parafusos apertados devidamente nos lugares corretos.
Como ninguém aparecia para recebê-lo, decidiu soltar a voz com o famoso:
– Oh, de casa!
Apesar da voz sonolenta, esse chamado não falhou. Pouco tempo depois apareceu o dono de tanta normalidade:
– Boa noite! Ops, quero dizer, bom dia! – e bocejou identicamente igual e sem nenhuma diferença que Vítor. Este, como de costume, perguntou:
– Você é um coelho?
– Eu estou com sono, tenho mesmo que responder?
– Tem!
Pareciam duas múmias falando. Também, um estava quase fechando os olhos, o outro tinha acabado de abriu os seus. Ambos bocejavam. Só podia dar nessa cena mesmo. O coelhinho, com muito esforço, analisou-se para responder a pergunta.
– Deixa-me ver: olhando para meus pêlos eu sou branquinho, olhando a minha traseira vejo meu rabinho de coelho, vendo meu reflexo no espelho vejo meus grandes dentes, se ponho as patas nas minhas orelhinhas, sinto que elas são enormes. É, eu sou um coelho!
– E desde quando os coelhos são grandes? – e Vítor bocejou.
A resposta do coelho foi bocejada também. Todos nós sabemos que o bocejo é contagioso.
– Desde quando eu nasci.
– Você sempre tem sono assim ou só agora?
– Sempre.
– Você trabalha, coelho?
– Não.
– Por que não?
– Eu estou com sono, tenho mesmo que responder?
– Tem! Eu estou com sono e estou falando.
– Deixa-me ver: eu fico em casa o dia inteiro, fico o tempo todo deitado na minha cama com os olhos fechados. Não, eu não trabalho.
Vítor percebeu que o coelho era lerdo de pensamento. Entendeu que quando as perguntas não exigiam raciocínio, ele as respondia rápido, porém, com pouquíssimas palavras. Quando exigiam, o cérebro do coelho quase fundia para respondê-las.
– Se você dorme o dia inteiro, como consegue dinheiro para comprar todos esses móveis bonitos que você tem em casa?
– Você pode repetir devagarzinho a pergunta para que eu possa entender?
Vítor repetiu a pergunta e com muita dificuldade, o coelho conseguiu entendê-la.
– O meu pai é muito rico! Ele trabalha durante a Páscoa de coelhinho da Páscoa. Trabalha pouco, mas ganha muito dinheiro porque é um negócio lucrativo.
– Imagino...
– A profissão de coelhinho da Páscoa passa de pai para filho. Quando meu pai estiver com muito sono, a ponto de não conseguir mais se levantar para nada, eu tomo o lugar dele. E aí eu tenho que sofrer: uma noite sem dormir por ano.
Vítor naquele momento achou que o coelho fosse morrer, apesar de falar muito devagar, por causa do sono, ele tinha pensado demais.
E não é que Vítor estava certo? De repente o coelho se esborracha no chão. Não fosse o “Boa Noite” dado pouco tempo antes, Vítor teria achado que havia matado o coelho.
– Não sinto mais sono. Que coisa esquisita! Devia ser esse coelho que me enfeitiçava... como ele dormiu, vou-me embora.
Cantando uma canção de ninar, para que o coelho não acordasse, ele foi saindo do apartamento. A canção era assim:
– Dorme, coelho,
Para assim não pensar
De dia ou de noite
Não gosta de trabalhar.
Já se indo para o 12º andar, o último, a escada perguntou:
– Comentários, Vítor?
– Tenho!
– Qual?
– Sortudo esse coelho. Só dorme e é rico!
E a escada jogou a uma frase que fez Vítor refletir sobre a vida do coelho.
– Mas quem só dorme não faz nada direito.
– Ora, Vítor, não faça corpo mole, este é um dos últimos andares que existe nesse prédio. Depois de visitar o último, poderemos descer tranqüilamente, sem ter que entrar em nenhum apartamento.
– Olhe, escada, chegamos – e depois de falar isso Vítor bocejou.
Ao ver a porta do apartamento daquele andar, Vítor se dirigiu a ela e a abriu, mas antes revelou que realmente estava com sono soltando mais dois bocejos caprichados.
O interior daquele apartamento era como o de uma casa normal, tinha mobília como numa casa normal. Vítor teve até a impressão de que ali vivia o único ser humano do prédio inteirinho, digo, o único ser humano que tinha os parafusos apertados devidamente nos lugares corretos.
Como ninguém aparecia para recebê-lo, decidiu soltar a voz com o famoso:
– Oh, de casa!
Apesar da voz sonolenta, esse chamado não falhou. Pouco tempo depois apareceu o dono de tanta normalidade:
– Boa noite! Ops, quero dizer, bom dia! – e bocejou identicamente igual e sem nenhuma diferença que Vítor. Este, como de costume, perguntou:
– Você é um coelho?
– Eu estou com sono, tenho mesmo que responder?
– Tem!
Pareciam duas múmias falando. Também, um estava quase fechando os olhos, o outro tinha acabado de abriu os seus. Ambos bocejavam. Só podia dar nessa cena mesmo. O coelhinho, com muito esforço, analisou-se para responder a pergunta.
– Deixa-me ver: olhando para meus pêlos eu sou branquinho, olhando a minha traseira vejo meu rabinho de coelho, vendo meu reflexo no espelho vejo meus grandes dentes, se ponho as patas nas minhas orelhinhas, sinto que elas são enormes. É, eu sou um coelho!
– E desde quando os coelhos são grandes? – e Vítor bocejou.
A resposta do coelho foi bocejada também. Todos nós sabemos que o bocejo é contagioso.
– Desde quando eu nasci.
– Você sempre tem sono assim ou só agora?
– Sempre.
– Você trabalha, coelho?
– Não.
– Por que não?
– Eu estou com sono, tenho mesmo que responder?
– Tem! Eu estou com sono e estou falando.
– Deixa-me ver: eu fico em casa o dia inteiro, fico o tempo todo deitado na minha cama com os olhos fechados. Não, eu não trabalho.
Vítor percebeu que o coelho era lerdo de pensamento. Entendeu que quando as perguntas não exigiam raciocínio, ele as respondia rápido, porém, com pouquíssimas palavras. Quando exigiam, o cérebro do coelho quase fundia para respondê-las.
– Se você dorme o dia inteiro, como consegue dinheiro para comprar todos esses móveis bonitos que você tem em casa?
– Você pode repetir devagarzinho a pergunta para que eu possa entender?
Vítor repetiu a pergunta e com muita dificuldade, o coelho conseguiu entendê-la.
– O meu pai é muito rico! Ele trabalha durante a Páscoa de coelhinho da Páscoa. Trabalha pouco, mas ganha muito dinheiro porque é um negócio lucrativo.
– Imagino...
– A profissão de coelhinho da Páscoa passa de pai para filho. Quando meu pai estiver com muito sono, a ponto de não conseguir mais se levantar para nada, eu tomo o lugar dele. E aí eu tenho que sofrer: uma noite sem dormir por ano.
Vítor naquele momento achou que o coelho fosse morrer, apesar de falar muito devagar, por causa do sono, ele tinha pensado demais.
E não é que Vítor estava certo? De repente o coelho se esborracha no chão. Não fosse o “Boa Noite” dado pouco tempo antes, Vítor teria achado que havia matado o coelho.
– Não sinto mais sono. Que coisa esquisita! Devia ser esse coelho que me enfeitiçava... como ele dormiu, vou-me embora.
Cantando uma canção de ninar, para que o coelho não acordasse, ele foi saindo do apartamento. A canção era assim:
– Dorme, coelho,
Para assim não pensar
De dia ou de noite
Não gosta de trabalhar.
Já se indo para o 12º andar, o último, a escada perguntou:
– Comentários, Vítor?
– Tenho!
– Qual?
– Sortudo esse coelho. Só dorme e é rico!
E a escada jogou a uma frase que fez Vítor refletir sobre a vida do coelho.
– Mas quem só dorme não faz nada direito.