Durante a festa, Giovana não tirava os olhos do marido. E ele não tirava a cara de babaca sofredor com a qual estava desde a morte de sua amante e nem a sua bagagem do sofá, que estava na sala mais vazia daquela imensa casa.
Ela tentou esquecer durante pouco tempo da existência de Vítor. Mas tudo foi em vão. Então, ela sem pensar, pegou a taça de vinho que passava em sua frente através das mãos do garçom e bebeu. Essa cena aconteceu mais umas seis ou sete vezes. Ela dizia pro garçom:
– Parada obrigatória para qualquer tipo de fórmula do esquecimento...
– A senhora é quem manda, madame!
Giovana tinha razão! Ela havia achado a fórmula do esquecimento. Já não se lembrava do modo estranho que estava o seu marido. Claro que ela não se lembrava! Ela tinha coisa mais importante pra fazer!
– Ei, senhor garção! Não fuja de mim... vem cá lindinho... deixa eu pegar mais uma das boas! Não precisa se preocupar, eu não colocarei a honra da senhora garça em risco... – dizia seguindo o pobre do garçom que estava a agüentando já há um tempinho!
Ela não desgrudava do garçom, onde o pobre homem ia, lá estava “A caçadora de garção”. Assim era como o pessoal da festa a chamou.
Vítor percebeu o que estava acontecendo somente quando o garçom foi servir a sala em que ele estava.
– Vai uma bebida, senhor?
– Não – respondeu Vítor olhando para Giovana e se levantando.
Ele foi em direção de Giovana e a segurou. Viu que ela tinha passado dos limites enquanto ele se preocupava com o que iria fazer da sua vida.
– Solta-me, o garção está fugindo! – ela reclamava
– E esse é o fim da “Caçadora de Garção” – um convidado da festa comentou em sua roda de amigos e todos eles riram.
Vítor colocou as crianças que estavam já dormindo no carro, e fez Giovana entrar também. Ela ainda estava preocupada em caçar garção.
Os pais de Giovana ficaram envergonhados com aquela situação.
– Eu nunca imaginei que minha filha fosse capaz disso. – disse a mãe
– Ela nunca fez isso, e tenho certeza que ela está com algum problema e não quis nos contar. – falou o pai.
– Deus existe, eu sei que existe! – pensou o garçom, ao ver “A caçadora de garção” entrar no carro e ir embora.