segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Capítulo 7

Naquela noite Vítor viu que uma de suas missões era cuidar das pessoas que ele amava, e ele amava sua mulher e seus dois filhos. Decidiu que viveria daquela noite em diante somente para a felicidade de sua família e assim, de sua própria felicidade.

Ele dormiu decidido a começar uma mesma vida feliz que ele levava antes da morte de Débora. E ele faria isso sem ela. Estava otimista com a idéia.

Na manhã seguinte quando Giovana acordou, estava preparada uma mesa deliciosa de café da manhã. E Vítor tinha um sorriso no rosto, dessa vez o sorriso era o sorriso mais bonito que ela já tinha visto em sua vida! Mas a primeira coisa que falou foi:

– O que aconteceu na festa ontem? Eu não me lembro de nada! A última coisa que me lembro é que eu bebia tentando te esquecer.

– Porque você estava tentando me esquecer, Gi?

– Não sei... acho que era porque você estava diferente, você estava muito estranho nos últimos dias... e eu resolvi usar a “fórmula do esquecimento” para esquecer que eu tinha problemas. Eu nunca tinha feito isso na minha vida, meus amigos na adolescência diziam que era bom, que os problemas sumiam rapidamente! E sabe de uma coisa? Funciona, pois eu não me lembro de nada!

– Eu sei que funciona, mas os problemas voltam todos no dia seguinte. E além disso você fica com mais problemas...

– O que você quer dizer com isso? Eu fiz muita besteira?

– Não! Você só ficou conhecida na festa como “A caçadora de garção” – Vítor disse rindo. – Você não largava o garçom, ficou a festa inteira atrás dele falando besteiras no ouvido dele! Ele deve ter agradecido a Deus quando viu você saindo da festa. – Vítor deu gargalhadas.

Giovana começou a rir também, mas perguntou meio séria:

– E porque você me deixou fazer tudo isso na festa? Você deveria ter feito algo...

– Eu não sabia que isto estava acontecendo, até que você e o garçom entraram na sala em que eu estava. Durante toda a festa eu estava preso nas lembranças do passado e na incerteza do futuro, e isso me fazia ficar um idiota...

– Idiota? Um completo idiota!

– Se é você quem diz... Mas a sua sorte foi que você estava em família! Todos te conheciam, menos o infeliz do garçom...

– Nossa... E meus pais? O que eles falaram? Eles devem estar envergonhados do que eu fiz na festa deles...

– A gente conversa com eles depois... Mas me promete uma coisa?

– O que?

– Nunca mais na sua vida você vai beber como você bebeu ontem! Alguém poderia ter se aproveitado da situação. E se você pegasse o carro estaria correndo risco de vida. E eu não quero te perder!

– Está prometido! – disse ela. – Mas eu quero que você me diga o porque que você estava estranho nos últimos dias.

– Eu tenho muito medo de te perder.

– Mas você não vai me perder!

– Ninguém pode garantir o futuro, nem mesmo você! Eu te amo!

– Eu também te amo!

Os dois se abraçaram. Eles naquela hora tinham aprendido lições diferentes.

Ele chegou a conclusão de que a vida é para ser vivida nos dias de hoje, porém não devemos esquecer do passado e nem deixar de pensar no futuro. Pois as lembranças que ficam na memória das pessoas, são somente as mais belas de toda a sua vida, e o futuro deve ser bem planejado, mas nunca adiantado.

E ela pensou nas pessoas que são dependentes de algo que as fazem esquecer da vida e dos problemas. E chegou a conclusão de que somente os covardes fogem de seus problemas, os fortes por maior que seja o problema o enfrentam sem medo algum. E isso, só essa coragem, já é uma grande vitória.

As crianças acordaram e foram até a cozinha, onde tomaram um café da manhã com muita fartura.